quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Mediunidade e Corporificação


Mediunidade e Incorporação (Corporificação)
A mediunidade pode também se manifestar em qualquer idade, como também poderá deixar de acontecer. O poder mediúnico é considerado normal por alguns povos, como o Povo Cigano. E este poder astral por vezes se apresenta na mais tenra idade. Quando a aura magnética entra em comunhão com o nosso corpo etérico, começa o desenvolvimento de comunicação mediúnica. Seja qual for a forma de mediunidade, o médium expressará o que o espírito trás de mensagem. Sem avaliar o cunho do que lhe foi dado conhecer. Por este motivo para se trabalhar nos trabalhos espirituais é preciso que se respeitem algumas regras: Nunca trabalhar no desenvolvimento do poder mediúnico/astral por dinheiro e jamais por vaidade, os que se descobrem médiuns que incorporem Mestres Ciganos ou não, devem estudar todas as formas de mediunização, magia e ciência, escolha o caminho que mais se identifica com você, o que seu coração lhe indicar, se familiarizar com as forças astrais, conhecer os inúmeros tipos de trabalhos astrais /mediúnicos, saber que todos possuem esta faculdade e estão aptos a esta atividade em diferentes graus. (Porque não detemos nenhum tipo de poder especial, este poder pertence ao universo), a crença, a fé e o respeito são fatores preponderantes para quem deseja explorar o poder mediúnico, sem eles não há condições que propiciem a ação, concentração absoluta para estar em contato com as forças astrais, por treinamento se consegue; com o tempo é automático, estando em processo de desenvolvimento, comece a trabalhar com sua mediunidade. Não tenha pressa, seja passivo e receptivo, se você trabalha com algum tipo de oráculo (você mesmo somente com a imantação dos Mestres, sem estar incorporado), tenha em mente que seu instrumento (oráculo) não tem nenhum poder mágico. Através de sua força astral em casamento com as forças do universo, é o que faz produzir o efeito da mediunidade, ainda no caso de oráculo, guarde-o com carinho para que outras energias não entrem nele, acenda uma vela prateada na lua crescente para o seu anjo de guarda, e peça a ele de todo coração que permita que seja aberto o seu canal para trabalhos mediúnicos, exercendo trabalhos em linhas específicas (no caso a linha Români), tenha muito amor para com as Entidades (todas) que lhe oferecem proteção, tenha respeito e amor a Deus acima de todas as coisas, e seja feliz com o despertar de seu poder mediúnico.
“Tenha sabedoria para compreender os que chegarem até você. Sinta esta energia Divina por meio do amor. Trilhe sempre o caminho do estudo sem cansaço ou presunção. Tenha no coração o caminho da fé amando o próximo como a ti mesmo”.
Para se falar de mediunidade, é preciso seriedade e saber que é assunto controverso e complexo. É necessário ser dito, que em virtude da amplitude que carrega esta palavra, exploremo-nas através de fontes e vertentes diferentes, para que se possa chegar ao âmago sem fugir do teor do assunto em questão. Muitos estudos já se fizeram sobre este fenômeno, desde os primórdios dos tempos. Passando pelo período Elizabetano, e explicado de forma didática por Kardec. Existem manuscritos originais e compilados em vários museus da Europa, e outras inúmeras explicações atuais. Explicações que nos chegam através do próprio fenômeno (pessoas mediunizadas ou corporificando espíritos), e também por Ícones, Religiosos ou não.
Explicações estas feitas por Padres, Psicólogos, Parapsicólogos, Paranormais, Pais de Santo e Oraculadores, entre tantos outros, estas tem pontos genéricos que coincidem na essência.
Esta faculdade que permite ao homem sentir a presença dos espíritos de diversas formas, independe de sua vontade, assim como também de classe social, moral ou profissão. Existe em todas as criaturas o que diferencia é o grau, que pode ser sentido em maior ou menor condensação de energia.
Pessoas que tem sentido um maior grau de condensação de energia poderá aprender utilizar estas forças astrais do universo e canalizar de várias maneiras.
Todos nós carregamos estas vibrações peculiares da natureza astral, podemos dizer que a manifestação desta faculdade é classificada em alguns tipos de mediunidades mais conhecidos como: Mediunidade falante, incorporativa, auditiva, clarividente, curadora, de psicografia, oraculadora, intuitiva e sensitiva.
Desde os tempos imemoriais, o homem convive com a presença de fenômenos sobrenaturais. Muitos nascem com esta aptidão natural, outros descobrem que podem “despertar” estas forças através de treinamento específico, e na verdade ambos estão corretos. Treinamento e lapidação do que já existe, nasce de processos iniciáticos complexos e de longa duração.
A mediunidade é uma energia ligada ao chackra básico, ao kundalini, localizado na região do cóccix, é instintivo. E só poderá ser desenvolvida se o “médium”, criar condições para isto. Buscar conhecimentos para lapidar a pedra que somos. Ter mediunidade independe se a pessoa quer ou não. Acontece de várias maneiras, como sonhos premonitórios, um aperto no peito, ou simplesmente um flasch do que irá acontecer. Isto será só o começo.
Quando a aura magnética entra em comunhão com o nosso corpo etérico, começa o desenvolvimento de comunicação mediúnica. Seja qual for a forma de mediunidade, o médium expressará o que o espírito trás de mensagem. Sem avaliar o cunho do que lhe foi dado conhecer.
Registrando humores, emoções e outras sensações captadas através do corpo físico ou oráculos. Esta tarefa é de grande dificuldade, o que faz com que muitos médiuns quando estão em processo iniciático “se perderem”, por não ter firmeza e certeza. Não se abandonam de corpo e alma para que possa ocorrer a mediunização ou corporificação. Não conseguem desdobramento aurico para servir de “telefone” sendo imparcial à conversa travada.
Podemos seguir alguns passos se você quiser firmemente, e tem fé e confiança para ajudar no desenvolvimento da mediunidade natural que todos nós temos, tendo em seu coração que isto deverá ocorrer por motivos verdadeiros e positivos.
Respeitar seriamente aos princípios básicos do que você esta seguindo ou fazendo. Tomar posição por ações quando estiver trabalhando na seara da caridade espiritual. Não ser embusteiro. Não se julgar mediunicamente mais forte que os demais. Ou crêr que o seu Protetor Astral é melhor ou mais forte que outros da Roda. Não incentivar desentendimentos entre os confrades. Não estar com vestígios de excitação sexual. Estar sem ter ingerido álcool. Sem ter tido relações sexuais no dia. Não ter vindo de enterro. Mulheres sem estarem menstruadas (menstruação é considerada, tempo em que a mulher sofre uma baixa energética, e fica mais vulnerável). Não trabalhar sob tensão nervosa. Não trabalhar obrigado e nem de má vontade, trabalhe por amor ao próximo, a Deus e aos Mestres. Se assim não for feito não terá nenhum valor (ir trabalhar e ficar reclamando e maldizendo o tempo, além de ser desagradável, e errado, é prejudicial por que fica gravado no etérico da pessoa). Tenha compaixão, mas não minta, seja sempre de sinceridade absoluta. Sexta feira Santa além de proibido é mau presságio e falta de respeito. Consulentes e médiuns deverão estar de corpo limpo fisicamente. Enfim aceitar sua mediunidade de coração; sem achar que é um dom divino. Porque sabemos que é uma oportunidade dada por Deus, em sua infinita bondade. De podermos através do trabalho espiritual transformar o nosso “Carma”(situações nem sempre agradáveis; que tem que serem vividas para nos ensinar valores espirituais), em Dharma (viver estas situações com amor e dar muitas graças pela oportunidade). Aceitar que somos agraciados em poder estar com estes Mestres Ciganos, que são potencialmente humanos, de acordo com a vontade divina, e termos infinita certeza que ao manipularmos estes poderes maravilhosos com amor e respeito (sabendo que eles não são nossos escravos, e sim o contrário) seremos pessoas melhores e estaremos mais perto da essência do Criador.
Quando estamos trabalhando espiritualmente, além de todas as precauções e proteções que temos, é imprescindível nunca deixar de acender uma vela para nosso anjo guardião.
Corporificação
É provado que este intercambio, que favorece a troca de favores de alma para alma gera a moeda de evolução astral bem sucedida quando não tem fins escusos ou vaidosos.
Os Espíritos Ciganos são entidades que já passaram por uma série indescritível de dificuldades, que quando chamadas ao trabalho, chegam com muita disposição, fazem tudo que estiver ao seu alcance para ajudar. E devido a sua grande vivência entre os seres humanos e desejo de servir, quase todos são especializados em tudo. São grandes conhecedores natos da “fitoterapia” bem antes dela existir como ciência.
Com seu vasto conhecimento astral e percepção aguçada, nos auxiliam nos casos mais intrincados, nos orientando. Sabedores de um rico repertório de orações, encantamentos e simpatias nos ensinam para aliviar os nossos corações.
Este trabalho com os Espíritos vibra com três poderes que são muito fortes: vontade, razão e sensibilidade. A essência espiritual atuante interage com os seres vivos através do pensamento, é a centelha do universo que independe da matéria e por isso conserva após a morte, a individualidade, a consciência de moral, virtudes, defeitos, e vontade de seguir o caminho árduo que os levará até as energias sublimadas ou não.
As que estão entre as quais preferem trabalhar para alcançar o mais alto patamar, na maioria das vezes trabalham através de quatro sentidos muito conhecidos na mediunidade. São eles: Visão, Audição, Intuição e Telepatia. Os Espíritos Ciganos purificados trabalham sob as bênçãos de Dieula, e mesmo por vezes fazendo parte de trabalhos em falanges de Entidades, de planos vibratórios que tem poderes de adentrar em todas as zonas espirituais, utilizam estes sentidos e independente de Dogmas, concebem a mais pura inspiração Divina.
O Povo Cigano do astral tem uma linha própria e sua morada mais original fica nos descampados, pelo fato de serem bem recebidos pelos chefes de terreiro astrais e encarnados, estão sempre trabalhando lado a lado de quem ama verdadeiramente a “Seara de Cristo”.

Ciganos no Brasil


OS CIGANOS NO BRASIL
A trajetória dos ciganos no Brasil começa no ano de 1574 com a chegada do primeiro cigano que se tem notícia. Muitos eram nomeados Meirinhos da Corte, pessoas que levavam as notícias e comunicados do Reino a todas as Terras Brasileiras. Trabalhando também como Bandeirantes. Nestas inúmeras “levas” o número de Kalons era grande, e se destacavam com os principais sobrenomes: Monteiro, Savedra, Silva, Torres, Pereira, Ferreira, Lopes, Costa, Coelho, Carvalho, Torquato, Figueiredo e Alves, uma prova adicional de sua origem portuguesa. O Rom mais ilustre que chegou ao Brasil foi Jan Nepomuscky Kubitschek , que trabalhou como marceneiro em Diamantina, embora não sabemos se acompanhado da Rromhá. Conhecido com João Alemão, deve ter entrado no Brasil por volta de 1830-1835, casando-se pouco depois com uma brasileira. O primeiro foi João Nepomuceno Kubitschek, que viria a ser um destacado político. O segundo foi Augusto Elias Kubitschek, um comerciante. Augusto Kubitschek foi designado como delegado de polícia. Também consta que teve pelo menos uma filha, Júlia Kubitschek, que viria a ser a mãe de Juscelino Kubitschek. Ou seja, um dos mais queridos presidentes do Brasil do Século XX foi um cigano, ou pelo menos um descendente de ciganos.
O primeiro que se tem notícia a chegar no Brasil, foi o cigano João de Torres que veio com sua mulher e filhos. Portugal desde 1526 já fazia leis (preconceituosas) contra os ciganos, e em virtude de precisarem de ferreiros e forjadores de armamentos os mandaram para esta Colônia distante para servir ao reino de Portugal.
Algumas destas “LEIS”, elaboradas pelo Reino Português eram absurdas, eis algumas delas (os livros que citam estas leis de processo documental histórico se encontram no Gabinete Real de Leitura Portuguesa, situado na Rua Luiz de Camões, próximo a Praça Tiradentes no Rio de Janeiro/RJ).
Em 1686, são expulsos de Espanha, Portugal e das Colônias Portuguesas na África, ao virem para o Brasil entraram por Maranhão e Pernambuco, se espalhando aos poucos por todo Brasil. Os lugares que registram mais ciganos na atualidade são: Rio de Janeiro, (havia inclusive no Centro do RJ, há muito tempo atrás uma rua que se chamava Rua dos Ciganos. Hoje Rua da Constituição) Rio Grande do Sul e nas diversas fronteiras que tem o nosso país. Aqui nesta Terra, foi um pouco melhor, mas não deixaram de enfrentar preconceitos. Os que chegaram mais ainda estavam sobre o domínio dos Portugueses, eram proibidos de falar o Romanê, e esta lei só caiu em desuso no ano de 1900. Eram destinados a trabalhar na forja. Fabricavam ferraduras, ferramentas, apetrechos domésticos e outros. Com a sua facilidade de “andar” pelo mundo, eram nomeados Meirinhos da Corte, pessoas que levavam as notícias e comunicados do Reino a todas as Terras Brasileiras. Trabalhando mais tarde também como Bandeirantes. Nestas inúmeras “levas” o número de Calons era grande, e se destacavam com os principais sobrenomes: Monteiros, Savedras, Silvas e Torres. Sendo o Ferreira comum aos ciganos de outros Clãs vindos da Espanha. Inúmeros ciganos serviram ao Exército Brasileiro nas mais diferentes épocas, em busca de moedas de ouro e sossego. E quando as damas da corte sabiam que estes militares comandados eram ciganos, sabiam de ante mão que eram casados com ciganas e da-lhes as importunar, em busca de amor, poções e outros xavecos. As mesmas que exerciam seu preconceito, na ocasião das missas, freqüentavam suas Tsaras escondidas à tarde para tudo lhes pedir. E assim é até hoje para muitos. Muitos ciganos em virtude da sobrevivência, omitem o fato por causa do preconceito, só exercendo sua ciganidade em casa, e nas festas dos clãs, dos quais jamais se separam. Hoje no Brasil há uma prova muito grande que mostra o preconceito contra os ciganos. Existem associações específicas, Ongs que defendem tudo. Gays e lésbicas, Negros, Judeus, Mulheres, Crianças e tem mesmo razão para existir. Só os ciganos que tem que contar exclusivamente com seu Clã. Isto prova que para todas as sociedades do mundo nós não existimos.
Os gadjós (alguns), tem arraigado muitas “verdades” sobre nós e só nos querem em festas e bailes. Para encantar magias ou se infiltrar conosco. Por isso nesta Nova Era os ciganos decidiram se abrir um pouco, para que seja amenizado este círculo de incompreensão sobre o nosso povo. E temos tido muito êxito, muitos gadjós, se aproximam como irmãos no mundo, se aproximam da beleza do universo cigano para trocar boas energias, graças a Deus.

Regente 2008

Romanis e gadjós, este ano será regido pelo nosso grande amigo Cigano Juan. O que nos deixa muito feliz, mas sabendo que sua força estará regendo a justiça, mostrando todos os lados das questões, inclusive nos fazendo trabalhar na forma de luz o lado de sombra que é inerente a todos. Juan foi um cigano que era muito dado às mulheres, não ao amor. Após vivenciar situações que o deixaram, bem diferente daquele que brincava com os sentimentos das pessoas, ele passou a proteger a família e se dedicar a harmonização dos integrantes da mesma, principalmente os casais. Em virtude deste fato, acredito firmemente que nesta regência deveremos estar mais pacientes, e mais dispostos a relevar e tentar ser mais condescendente com os nossos pares. Juan foi um grande homem, amante ardoroso e bonito. Também impetuoso e feiticeiro, apaixonado pela vida e com vontade imperiosa. Desta forma temos que trabalhar na força de Juan, evocando o lado harmônico, a gentileza, o amor incondicional, limando sempre a parte passional e possessiva que todos nós temos. Juan em sua vida, no calor da paixão, chegou a roubar uma cigana prometida, que no principio nem o amava. Apesar dele ser galante e somente saia de seu bom humor de apaixonado, por ciúmes de sua amada. No entanto o prometido da cigana deixaria o ocorrido daquele jeito? Claro que não, e Juan mesmo assim sabendo que seria perseguido por toda a Rromhá espanhola, impôs sua poderosa vontade roubando a noiva. Esta energia é a que estará regendo no ano de 2008. Amigos, teremos que ter discernimento nas paixões e impetuosidades que podem cruzar o nosso caminho neste ano. Ter profunda analise das situações, pensar muito nas atitudes antes de executar as ações. Não vos deixe envolver por decisões baseadas na vontade imperiosa que podem ter conseqüências sem retorno. Esta vigência nos trás impulso criativo, vontade de realizar, mas não esqueceremos que a força cega esta presente. Pois sabemos que toda energia também é feita de sombra e Luz, cabe a nós utilizarmos com parcimônia, e sempre analisando, pedindo sabedoria para executarmos a melhor parte. Para os artistas, pensadores, espiritualistas, apaixonados, pessoas estrategista e de fardas, esta faceta da regência tem que ser ainda melhor utilizada, pois Juan foi estrategista, mas nem sempre tomou o melhor caminho. Utilizou a arte e o charme de seu talento como dançarino para encantar pessoas (mulheres), nem sempre por ações nobres. Esta parte da energia faz com que fiquemos mais ansiosos e imperiosos em nossa vontade, o que é muito bom, pois descortina a força realizadora de cada um de nós. Por isso vos falo, neste ano, as decisões que estão sendo adiadas, terão solução e grande parte será resolvida no primeiro impulso, resolvidos na intensidade. Juan em virtude de suas atitudes, teve que pagar um preço bastante alto, e para que nós tendo a sua proteção, não tomemos decisões no calor da emoção do momento, para que não tenhamos arrependimento depois. Sua força mágica é de riqueza inigualável, pois trás a intensidade de Juan, juntamente com a força realizadora. A consciência astral, faz clarear, e ativa a acertividade de cada um. Desejo que a atuação, nos traga tudo de bom, traga nosso mental revitalizado, respeitemo-nos e que possamos aproveitar a parte doce das pimentas do Mestre Juan. Que 2008, seja o ano em que as pendências sejam resolvidas com amor e sabedoria, assim como Juan aprendeu através do amor, a se dedicar a harmonização, e a pensar antes de agir. Boas novas a todos, e Opchá!

Ramona Torres - Cigana Kalon Evoriana


Todas as Vidas
Vive dentro de mim uma cabocla velha de mau-olhado, acocorada ao pé do borralho, olhando para o fogo. Benze quebranto. Bota feitiço... Ogum. Orixá. Macumba, terreiro. Ogã, pai-de-santo... Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho. Seu cheiro gostoso d'água e sabão. Rodilha de pano. Trouxa de roupa, pedra de anil.
Sua coroa verde de São-caetano. Vive dentro de mim a mulher cozinheira. Pimenta e cebola. Quitute bem feito. Panela de barro. Taipa de lenha. Cozinha antiga toda pretinha. Bem cacheada de picumã. Pedra pontuda. Cumbuco de coco. Pisando alho-sal. Vive dentro de mim a mulher do povo. Bem proletária.
Bem linguaruda, desabusada, sem preconceitos, de casca-grossa, de chinelinha, e filharada. Vive dentro de mim a mulher roceira. -Enxerto de terra, Trabalhadeira. Madrugadeira. Analfabeta. De pé no chão. Vive dentro de mim a mulher da vida. Minha irmãzinha... tão desprezada, tão murmurada... Fingindo ser alegre seu triste fado. Todas as vidas dentro de mim: Na minha vida - a vida mera das obscuras!