sábado, 25 de junho de 2011

Duas Cartas de Amor



       Bem estamos aqui sempre falando de Cultura Cigana, de Paixao, de passionalidade, de entrega, de corpo, mente e espiritos. Hoje peço licença a meus leitores, para falar de Amor. Amor que é a essencia do Povo Cigano. Falo hoje de Amores distantes, que nao me tiram mais o sono,  e estas cartas também podiam ter sido escritas por qualquer apaixonado. Com um toque de Shakespeare e outro de Raquel (de Queiroz, sou íntima, que fazer - risos), ficou sincero e consegue dizer o que um coração quer dizer num momento de dor.

Eis a primeira Carta.
Hoje acordei sem o sol, com o baralho ao lado. Ele me contou historias distantes, de amores ao longe.

Nestes dias de dor, aprendi muito sobre o amor verdadeiro, aquele que ama somente. O nosso amor verdadeiro, me disse que ele não tem raiva, nem rancor. Tem ardor, luz, paciência. Aprendi que o amor verdadeiro, é paciente e benigno, não arde em ciúmes, nem se envaidece. O amor não se ufana, não se ensoberbece. O amor não é rude nem egoísta, não se exaspera, não se ressente do mal. O amor tem um plano muito maior que nós mesmos, o amor não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade. Esse amor verdadeiro esta sempre disposto, sempre pronto a perdoar, crer, esperar, suportar o que vier.

Esse amor ama e respeita por toda a existência. Nós tivemos muito mais amor, que em toda a existência da maioria das pessoas. Você me ensinou tudo, sobre a vida e a esperança, sobre a alegria e o desprendimento. Nós fizemos nossas ações, que resultaram em nossas escolhas, e as escolhas fizeram quem somos neste momento. E quem somos? Somos amor verdadeiro que espera, que aguarda, que não se decepciona, não se magoa, não cobra, não diz que não ama mais. Não tivemos coragem de ficar do lado de nossa alma, preferimos mentir para nós mesmos, mais a alma sabe, ama, e espera o dia em que estaremos prontos.
Assim é este nosso amor. Cósmico, que ultrapassa dias, horas, lugares e eras. Outras vezes eu te esperei. Talvez você não esteja pronto, talvez eu não esteja pronta. Porque apesar de dispostos a viver este amor, cometemos erros, o amor da carne é imperfeito. Solicita, quer, deseja........................no campo eu te aguardei, na praia eu te aguardei, aguardei sua vinda pelo mar, e lá o amor chegou, eu não o via, nem pegava, só sentia sua existência. Ele veio fundido no vento, eu sentia seu cheiro, identificava, ele envolveu todo o meu corpo, me transpassou de luz em seu nome. Deleitei-me no altar de nós mesmos, sabia que era nosso casamento secreto, enquanto as borboletas eram nossas convivas, nossas amigas risonhas, eu partilhei de tua essência.

Hoje eu sei que não mais podemos fundir nossa carne, não podemos mais nos tocar, não podemos mais nos olhar, o oceano nos separa. No entanto o pacto de nosso amor existe. Eu ainda te amo, sempre vou te amar. Pois o vento sempre ira existir, trazendo noticias de você e me levando ate você. Embora possamos estar distantes pelos quilômetros, estamos mais juntos do que antes, mais forte do que com a comunhão de nossos corpos. Você hoje beija outras bocas, convive com outros corpos, eu também. Mas o que me liga a ti é etéreo, astral, estamos presentes na vida um do outro.

Quem me acompanha, partilha do meu corpo, não partilha da minha essência.....(fazer amor contigo é partilhar de tua essência....foi o que me dissestes um dia.........) pode parecer traição, não estar de alma com alguém, mas foi o amor verdadeiro que decidiu assim. Você sempre será o amor de minha vida.

Nada há de nos separar, desta partiremos, como nos campos desertos, como em Melilha, esperaremos a nova chance dada pelo amor, neste mundo nos reconhecemos, nos magoamos e nos separamos. Mesmo assim ainda te espero, como na primeira vez nos desertos, como na segunda vez, quando o mar foi mais forte, foi testemunha, como nesta vez, quando só ouvi tua voz. Sei que me amas, confio no amor, teus olhos hão de me reencontrar, através de eras, dos tempos, do espaço, dos mundos, porque o amor sempre vence.
Curioso que repetimos as historias, os mistérios sempre presentes, e mesmo com feridas, o amor não se rendeu, não se apagou. Sinto saudades de você, da tua voz, do teu corpo, do teu sexo, porque você é luz e cor na minha vida, porem me sinto calma porque sei que tudo que sentimos, é bem maior que tudo isso. Você me ama, eu te amo e nos completamos. Assim quando você se for, me encontre lá. Se primeiro eu me for, te aguardarei por todos os dias de minha vida. Esse amor já sobreviveu a tempestades, sóis, abismos, mas as estrelas mesmo acima das pesadas nuvens continuaram a brilhar. De cima vemos que as montanhas que separam os mundos também os une. Nosso amor é assim, rochas fortes, verdes, indestrutíveis.

Meu amor, toda historia que temos foi-nos dado pelo pai, varias vidas tivemos, encarnamos varias personagens, tal qual um vidro de perfume, tivemos nossos frascos reutilizados, porem a fragrância inicial esteve sempre lá, a combinação da doação das essências (nós) foi o que proporcionou vida aos perfumes. No tempo dos campos desertos estivemos, nos tempos mouros estivemos, no tempo do rock, vivemos, o sol continua testemunhando tudo.
O vento nosso canal, nosso carteiro, continua nosso mensageiro das noticias. A luz da lua continua embalando nossos dias, as estrelas mais uma vez acompanha este Feitiço de Aquila, que é a nossa vida. Tudo é maior e mais forte que imaginamos. O amor verdadeiro nos une, nos harmoniza, sana as dores carnais. Por isso sepulto todo mal entendido, toda dor que causamos um ao outro, tudo de ruim que houve entre a gente. Você não quer mais, mas mesmo assim me envia noticias do amor que sente. Eu recolho no vento teus beijos, teus abraços, e todo teu amor. É um amor maior que vivemos e imaginamos.

Hoje não teve sol, mas teve vento, teve amor de elo, teve luz que emana de nós. Teve lágrima na compreensão, teve paz. Meu amor sei que estaremos juntos em galáxias, eras e mundos, estaremos pactuados, contigo eu me casei, deixei de usar o anel que não era do amor verdadeiro. Continuo casada com você. Estaremos sempre pactuados, sei que estaremos, que reconhecerei teus olhos, e tu os meus longos pelos, os meus seios de maçã. Sorriremos, embora eu ainda te espere na praia (....eu tenho medo de ir a praia com você.......) não temas, pois te encontrarei, quando chegar o tempo  ficaremos juntos e felizes.

Eu te amo, sempre vou te amar.












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